PORTO ALEGRE: CRIE O IMPOSSÍVEL IMPACTA 220 MIL ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS DE TODO O PAÍS

O Crie o Impossível 2022, realizado nesta sexta-feira, 3 de junho, levou 11 speakers para inspirar cerca de 10 mil alunos do Ensino Médio no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS), e outros 210 mil estudantes via transmissão ao vivo em escolas públicas de todo os estados, em 765 municípios. A 4ª edição do evento é realizada pela ONG Embaixadores da Educação (www.embaixadoresedu.org), correalizada pelo Sebrae RS – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul e tem o apoio do Instituto MRV, do Instituto Localiza, da Alicerce Educação, do Bees, da Latam, da RBS e do Estádio Beira-Rio.

O evento que convida alunos de escolas públicas a acreditarem em seu potencial profissional começou com a apresentação do ator Paulo Vieira e da aluna do Embaixadores da Educação, Ayla Júlia, muito animados, puxando o grito dos estudantes “Eu crio o impossível!” e o lançamento da plataforma do Sebrae Hub de Professores (www.hubdeprofessores.com.br), disponível para todos os educadores do Brasil que querem inovar. Eles receberam no palco o fundador do Favelado Investidor Murilo Duarte, a cientista Jaqueline Goes de Jesus, o humorista Gustavo Tubarão, a rapper MC Soffia, o empresário e angel investor Edmar Ferreira e a dançarina e coreógrafa Ramana Borba.

A apresentação continuou com Nyvi Estephan, gamer eleita maior host de eSports da América Latina, e o estudante do Embaixadores da Educação, Ednei William, que receberam no palco o professor de Geografia e ex-BBB João Luiz Pedrosa, a empresária e influencer Bianca Andrade (Boca Rosa), o humorista Isaías, o empreendedor e ex-futebolista Tinga e o professor de Língua Portuguesa e edutuber Noslen Borges. Ao final, os alunos tiveram uma surpresa: um vídeo da apresentadora de TV Sabrina Sato.

“Foi um dia muito especial e nos deixou muito emocionados não apenas pela energia do evento e vibração no Beira Rio, mas principalmente porque o que aconteceu aqui reverberou em vários cantos do Brasil. E esse é só o início da jornada: agora os alunos que passaram pelo evento são convidados a participarem da jornada Empower, onde são desafiados a criarem projetos para transformarem suas escolas e comunidades para melhor e serem premiados com oportunidades de estudo”, afirma a cofundadora e CEO do Embaixadores da Educação, Guilhermina Abreu.

Confira algumas histórias contadas no palco do Crie o Impossível 2022:

Murilo Duarte, fundador do canal de educação financeira Favelado Investidor, contou que seu único privilégio foi ter tido uma mãe e uma avó que sempre o incentivaram a estudar. Criado na favela, às vezes faltava dinheiro até para comprar um pacote de bolachas. Murilo já passou um mês no início de um ano letivo pedindo folhas aos colegas porque não tinha cadernos e seu primeiro emprego foi como auxiliar de padeiro, recebendo um salário de R$ 500. “Um dia, com o dinheiro que sobrou, comprei o primeiro livro na minha vida e foi sobre investimento [ele estava cursando Contabilidade], foi meu primeiro passo”, contou.

“Quando criei meu canal, eu gravava meus vídeos na laje e hoje sou Forbes Under 30. O segredo do investimento é a constância, ter disciplina e abrir mão de um rolê para poupar, por exemplo, e isso serve pra tudo o que a gente quiser fazer”, aconselhou. Jaqueline Goes, cientista que ficou mundialmente conhecida por liderar o sequenciamento do DNA do Covid-19 no Brasil em apenas 48 horas e foi homenageada com uma boneca Barbie, abriu sua palestra dizendo “sou negra, mulher e nordestina, um conjunto de sub representatividades, mas também sou cientista, reconhecida internacionalmente e lidero uma das pesquisas mais importantes do país”. Jaqueline apontou a falta de representatividade feminina na ciência, “com exceção da Marie Curie, vimos muitas mulheres serem apagadas da história da ciência”, e a dificuldade que já enfrentou para ser aceita e ter o reconhecimento de colegas de profissão, sendo até confundida por trabalhadora de serviços gerais pelo simples fato de ser negra.

“Meu conselho é: agarrem todas as oportunidades que surgirem. O projeto do qual aceitei fazer parte, que me colocou sem nenhum conforto na estrada, e que meus colegas não quiseram participar porque não queriam deixar suas casas, foi o mesmo que me ensinou a fazer o sequenciamento que utilizei para o Covid-19. Sei que deste evento vão sair muitos cientistas, não só da saúde, mas de todas as áreas do conhecimento”, concluiu. Edmar Ferreira, empresário e angel investor, contou como sua história de empreendedorismo começou na infância, lendo os quadrinhos do Batman que ganhava de presente da vizinha, “o Batman não nasceu um super-herói, ele teve que aprender a ser o Batman e eu queria ser como ele”, e conselho que recebeu do avô que carrega até hoje, “faça o que você pode com o que você tem”. Ao primeiro contato que teve com computação, Edmar resolveu que queria trabalhar na área, mas o valor do curso era o mesmo que seu pai recebia de salário.

“Naquele momento, eu segui o conselho do meu avô, usei o que tinha: peguei um livro de computação na biblioteca e o copiei à mão. Hoje, com minha empresa, pude dar uma casa aos meus pais e ao meu avô. Aprender a programar mudou a minha vida”, declarou. Ramana Borba, dançarina e coreógrafa, voltou à sua cidade de origem (Porto Alegre), onde estudou em escolas públicas, como dona do maior canal de dança da América Latina. Ela contou que desde pequena assistia a vídeos de dança e não se via neles, não se sentia representada. Mesmo assim, aos 13 anos, resolveu entrar para o balé, mas foi completamente desestimulada, tendo sido apontada como dona de um corpo fora do padrão para a dança, com “muitas curvas”. Ramana saiu do balé e criou um canal de dança, fazendo tudo de forma caseira. “Eu sonhava em ter um canal grande, com câmeras profissionais, uma equipe por trás. Mas era a minha mãe que gravava meus vídeos, às vezes com enquadramento torto, com um celular”, contou.

Ela também enfrentou comentários racistas. “Por outro lado, muitas pessoas se sentiam inspiradas e representadas por mim, comentavam que tinham um cabelo, um nariz parecido com o meu”. Se agarrando a isso, Ramana não desistiu e, hoje, já coreografou danças até para artistas como Dua Lipa. Bianca Andrade (Boca Rosa), iniciou sua palestra dizendo “estou muito feliz em dividir minha história com vocês porque acho que podemos ter muito em comum”. Nascida e criada na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro (RJ), e estudante de escola pública, Bianca sempre gostou de se maquiar e descobriu por acaso que era possível trabalhar fazendo tutoriais de maquiagem para a internet. Sem dinheiro para realizar esse sonho, ela começou a trabalhar no buffet da mãe, que fazia festas dentro da comunidade, como garçonete, recepcionista e “o que mais precisasse”, contou rindo.

A ideia era juntar dinheiro para começar seu canal. “Eu não tinha dinheiro para marcas caras, comprei uma câmera e um monte de maquiagem baratinha. Daí fiz um vídeo comparando os produtos com marcas caras”. O canal fez sucesso e Bianca saiu na capa do jornal local Maré de Notícias, seguido por um convite surpreendente: uma entrevista para o programa Mais Você, da Rede Globo. “Foi tudo muito rápido, eu tive que ir como estava, com unhas descascando, cabelo por fazer, não tinha nem roupa, tirei uma do cesto de roupa suja pra ir. Claro que não me apresentei como gostaria na TV, mas se eu tivesse deixado essa oportunidade passar, muitas portas não teriam se aberto para mim como aconteceu”, contou. Bianca fundou a marca de cosméticos Boca Rosa Beauty e, aos 26 anos, faturou mais de R$ 120 milhões em negócios.

A mensagem dela para os estudantes foi “não esperem o momento ideal, porque o momento ideal é agora. Se eu tivesse esperado ter dinheiro para comprar maquiagens caras, não teria começado meu canal. Se eu me envergonhasse por aparecer mal arrumada na TV, poderia não ter uma segunda oportunidade”.

Sobre o Embaixadores da Educação – ONG que surgiu como um coletivo em 2013, em Belo Horizonte (MG), foi formalizada em 2017, e, até 2021, já impactou mais de 50 mil alunos de escolas públicas de todo o Brasil. A expectativa é atingir 100 mil estudantes neste ano, 200 mil em 2023 e 400 mil em 2024. A missão da ONG é impulsionar estudantes de Ensino Médio a se tornarem realizadores e protagonistas de suas próprias histórias. Anualmente, realiza o evento Crie o Impossível, que incentiva jovens a acreditarem e investirem em seu potencial, e a jornada Empower de apoio ao desenvolvimento de projetos educacionais criados pelos alunos. A ONG já investiu mais de R$ 1 milhão em bolsas de estudo integrais para estudantes de escolas públicas e, em 2022, vai investir mais de R$ 10 milhões.

Saiba mais em www.embaixadoresedu.org.

Sobre o Sebrae RS – O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul é uma entidade privada que promove a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro e pequenas empresas. Atua em todo o território nacional com foco no fortalecimento do empreendedorismo e na aceleração do processo de formalização da economia por meio de parcerias com os setores público e privado, programas de capacitação, acesso ao crédito e à inovação, estímulo ao associativismo, feiras e rodadas de negócios. Saiba mais em www.sebraers.com.br

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